sábado, 30 de janeiro de 2010

Parece cocaína mas é só a tristeza que escorre pela guia e deixa sua marca odora pelo ar. Arrasta insetos e cadáveres de roedores, restos de fruta e lascas de compensado barato desgrudadas do todo ainda lar. A polícia passa, os assistencialistas passam, as ovelhas cortam caminho à igreja, até o IBGE esteve aqui. (e nunca mais voltou.) Universitários opinam, sabem de tudo. Sabem de porra nenhuma, pagam pela própria educação depois de terem estudado a vida toda na rede pública. Estudaram a vida inteira em escolas particulares e hoje dizem-se os capazes de estudar em universidades públicas, no curso de filosofia donde sai rezando missas sobre ética, sendo o seu próprio ingresso no ensino superior público falta de ética, ou ética torpe, ética lateral, valores morais por milênios levianos. Quem nunca sentiu saudade vira mestre na diáspora. Quem nunca sentiu o cheiro fala de saneamento básico. Quem nunca amou escreve poesia. E para isso, quem sente saudade, o cheiro e ama é o tolo. Corre verde por conta e risco enquanto a gravidade assim o permitir até que se encontre novamente sob o solo.
A esgoto que brota do asfalto, suas centenas de fotos e escritos encontram-se na contenção do meio-fio, descendo, para onde eu não sei.

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