sábado, 12 de dezembro de 2009

Gosto muito dos abajures coloridos da casa verde. Das três casas do imenso murado, a limitar o espaço natural e dizer onde pode a grama e onde passa o carro, a verde sempre alegra com sua recepção e seduz o magro de mãos ocupadas. Sentar na cadeira à margem, sentar à cadeira na margem pra Cito não faz diferença.
Estar só bem pode ser uma escolha, ser só não é bem estar numa escolha. A consciência de só emerge às vezes que se quer estar com alguém com quem não se estará; a idéia de que se quis estar e não pode atrai tanto quanto a idéia de estar. Assim, ser só pode ser uma escolha. Uma escolha longa, duradoura e como toda grande escolha, vem permeada de grandes duvidas por toda sua trilha que desemboca na decisão dúbita. Há vários caminhos oferecendo a companhia de seus trajetos, cada qual com seus trejeitos e negar todos eles para seguir apenas é uma decisão contestável e sempre irrevogável.
Tenho que dizer,
It's been a long time since I Rock and Rolled
It's been a long time since I did the Stroll.
Ooh let me get it back let me get it back
Let me get it back baby where I come from.
It's been a long time been a long time
Been a long lonely lonely lonely lonely lonely time.
Yes it has.
It's been a long time since the book of love
I can't count the tears of a life with no love
Carry me back carry me back,
Carry me back, baby, where I come from.
It's been a long time, been a long time,
Been a long lonely, lonely, lonely, lonely, lonely time.
Seems so long since we walked in the moonlight,
Making vows that just can't work right.
Open your arms, opens your arms,
Open your arms, baby, let my love come running in.
It's been a long time, been a long time,
Been a long lonely, lonely, lonely, lonely, lonely time.
e tento entender, sim, tento entender. Tento entender como foram capazer de falar do que eu sinto com tanta propriedade. Eles são realmente ousados.
E já tinha tudo, só faltava o papel passado. Lua de Mel em Recife. Lua de Mel sem ter que casar. De Mel e com uma garotinha maravilhosa, disse uma vez que me amava, me deu Saramago e tudo. Objecto Quase.
Certo dia estava com sono em progresso. Sono de operário. Sonho interrompido pelo namorado de uma Pequena Notável em quem confiei e me disse ter trancado a porta e deixado a chave por debaixo da porta, pra não dar motivo. E a voz do corno me tocou. O corno falava com gírias, o corno era como eu. O corno era eu, também. O corno chorou. E a Pequena nunca mais atendeu o celular. Ela que já tinha pago as passagens e eu que talvez. Meu ofício, minha alma. Eu sou um Operário da Indústria Cultural e o funcionário da loteca é corno. E corno sempre descobre. Depois chora. E penso se depois do mal entendido é o corno que vai com ela. O corno do namorado. Todo namorado é corno.
Quando eu quis o cosmo, de Menochio, da cosmogonia, da fase podre que regurgita outra fase que de tão podre está viva, o cosmo não quis agonia e se recusou a me fermentar. Nem a xará da pequena filha de Marcos poderia fomentar esse todo podre, não podre o suficiente pra dele expelir outro podre como na cosmogonia menoquiana, podre de saber que do podre vem a vida.
Ser só semrpe foi uma escolha, quando não tive que escolher.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Eu vi a vida chegar.
A vida se chama Amanda.
A vida é linda.
A vida é linda e se parece comigo.
Inacreditavelmente.
Me deu até vontade de viver, hoje de acordar.
Me deu vontade de ler mas não de chorar.
Me deu vontade de falar chega.
E chega.
Vou viver a vida que me resta, quero ver Amanda crescer.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

E achei me ter visto no espelho. Saí andando atrás, pensei que era de mim, daquela que me assemelhava e por onde andou achei ter visto poesia.
É que eu imaginei ter visto outra pessoa, na verdade criei uma fantasia de ter me visto tão linda, nem tão inteligente e isso sempre foi assim: perfeitinha.
Agora que estou de óculos novo, apertei as vistas e me vi direito: não era eu, ninguém é perfeito.
Só de pensar que dias passaram e eu cantando. Que valeu a pena ter vivido, valeu a pena, pescador de ilusões.
É, se os meus joelhos não doessem mais diante de um bom motivo que me traga fé...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

E éramos como os Apaches: jovens malandros dos subúrbios, jovens vadios à procura de desordem, que não querem trabalhar. Como os primeiros bandos de jovens que aterrorizavam Paris e toda a França da Belle Époque, éramos seis, nada de banho e noite de sono, a madrugada é nossa, os picos dos prédios nossas linhas e o desafio era o cime alcaçado pelo para-raios. Pichar, furtar, incendiar, beber e fumar na Gruta de Baía, início feliz de vda adulta. O Quarteto + 2.
Irmãos de longa data e não apenas parceiros de copo. "Amigo é quem faz o corre pra te tirar da cadeia", já visionava o homem da honra Zamboreto. Ainda tem gente nossa lá, mas no flagrante é foda. Parceiro de copo tenta te atrasar o lado e o faz. Mas é isso mesmo.
E aquela geração "Kids" amadureceu "Trainspotting" e tá aí na ativa. Estará novamente em alguns minutos à margem, desta vez na centreira, furtando os licores do pai do Torax e rindo da cara do pihil. Aí é rocha.
Leilinha.
Eu só me mato depois de fumar um na lei.
Não vou morrer ilegal.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A banda entrou no palco, o som passado e presente se fez com todos os canais abertos. É impressionante, um Shure com 20 anos de uso e outro estreiando, o mesmo som. Um shure me parece, em dias de boa música, como vinho: o tempo favorece. Quando a banda entra com som passado não há o que fazer além de ouvir o que diz minhas pequenas Clairs, o que gritam as KF'S sob os Subs tremendo o chão negro do palco de madeira, só resta ouvir.
Ainda, com mais de 1.500 quilos de parafenália dispostas à patuléia, cabe o pensamento. Nem conto mais, acho que eram uns 30.000 Watts só em cima destes tapumes, hoje chão de artista, amanhã casa de platéia. O palco de hoje é parede de barraco amanhã, no Pirajussara ou em qualquer canto sujo do Campo Limpo ou Taboão da Serra, todo evento público é social.
Muito som alto não é o suficiente. É necessário o barulho tal como o é o bagulho. Então, num gueto, o gueto da "house", que é onde nos escondemos, que é como a pequena área, maldita, não nasce grama onde pisa o goleiro, não nasce sol onde pisa o tecnico de monitor. Mas há vida, há amor e angústia. Acendo o cigarro, ascendo com este fumo. E há um homem, com um Shure na mão, me olhando e pedindo mais guitarra. Toma aí guitarra, mas grita homem, abusa do meu Shure, preciso te ouvir gritando, tó mais guitarra e grita essa aí que você acertou.

You need cooling
Baby, I'm not fooling
I'm gonna send, yeah
You back to schooling

Way down inside
Honey, you need it
I'm gonna give you my love
I'm gonna give you my love

Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love

You've been learning
Baby, I been learning
All that good times
Baby, baby, I've been yearning

Way, way down inside
Honey, you need it
I'm gonna give you my love
I'm gonna give you my love

Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love

You've been cooling
Baby, I've been drooling
All the good times
Baby, I've been misusing

Way, way down inside
I'm gonna give you my love
I'm gonna give you
Every inch of my love, gonna give you my love

Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love
Wanna whole lotta love

Way down inside
Woman you need love
Shake for me girl
I wanna be your backdoor man

Keep it cooling baby
Keep it cooling baby
Keep it cooling baby


Keep it cooling baby, eu queria que ela tivesse ouvido isso. Nem ouviu pois não gosta. E olha que ele gritava. Babava e molhava meu pequeno SM 58 até então virgem. Só que ela não ouvia. Não estava lá.
Nunca, em segundo nenhum da minha vida, em qualquer lugar onde andei te quis fazer mal nenhum. Mas fiz. Fui eu. Não sou destes homens que as mulheres tanto adoram.
Infelizmente me esperava sobre um cavalo branco, mas eu sou sapo, ando verde, sapos não montam cavalos.
E grita, baba. Mas eu tenho uma flanela e o pequeno 58 não dormirá com o mau cheiro da boca de um roqueiro, nem ela.
How The West Was Won.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

De fininho ri, não confia em homens, talvez institucionalizou a decepção ou só está me provando. Não há o que comemorar nem do que se decepcionar. Ainda assim, a cerveja é gelada e é óbvio, há silêncio, o telefone não toca. Está dada a deixa da melancolia que tanto rumina. Lá, entre as guias tortas, no passadouro negro, de vermelho como a dona do inferno, respira a mesma resposta. E eu não sei que diabos fazer para que ela se mova.
Ah... Vem... E se chove ou se está calor, dá na mesma, não vem. Ah, manda... Eu confio menos ainda nos homens, eu não confio em ninguém com mais de 30.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A mulher no passadouro não passa e me olha. Parada lá só ela, veste vermelho e quieta me admira. Ela sabe do que é feita e atiça o meu tesão, não me acena, alvinha, negaceia e de fininho ri.

domingo, 8 de novembro de 2009

E enquanto correm, os dois gatos pretos sobre o muro, a árvore me apóia e minha boca o cigarro. Modos de macho e as modinhas de fêmea. Ela passa sugando num canudo goles de felicidade enrustida, clandestina, passa não, desfila, passa ou desfila? passa em exposição, sem ver o vigia catando a poesia que entorna no chão. Vejo Chapéuzinho Vermelho indo à casa da vovó e desejo. Ela, a cesta, a ventura escondida naquele olhar e a lua egrégia que ilumina a trilha por onde vem. Pra quem.
Range a porta e dela uiva o lobo cinza, soberano deste recanto, vem tomar o que é dele por direito.
Um dos gatos pula do muro enquanto o maior para e olha com seus olhos vivos e tristes de gato escaldado pela miséria, a escuridão da sombra onde a lua não obsequeia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A porta, verde. A sala, escura.
Alentados pela rubra luz penetrando à janela, dois pares de olhos se olham, cintilam. Sentem o cheiro um do outro, os pelos negros e no ar, neles, o deleite da agradável emanação dos corpos que se ordenam, se supõe, se admitem? e se. Deslocam, giram, transitam pelo espaço escuro da grandeza sombria onde são senhores. Amplo intervalo entre os limites da solidão, da natureza.
Verde, mesmo no escuro, range a porta.
Dois gatos pretos correm pelo muro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Já são 3 anos. O céu não chora mais seus mortos.
Já são 3 anos. Meu Pai não chora mais por mim.
Lá de cima eles já nos abandonaram. Talvez de desgosto pelo que nos tornamos.
Talvez descobriram o que somos. Humanos vivos.
Eu espero pelo dia segundo do penúltimo mês, é o meu aniversário, não importa quanto tempo eu passei nem quanto eu ainda terei, é o meu dia e o dia dos mortos. Não nasci nesse dia e essa é a minha data. Faltam 10 horas para acabar o dia e o céu me avisa que não terei, não hoje, não neste ano, a glória de chorar junto dele por todos aqueles que amamos e já não mais temos ao lado.
Há 5 anos, 4 meses e 1 dia eu conhecia o mundo dos mortos.
Já são 3 anos que não choramos juntos.
E eu, como um rato, roera a corda do tempo que desabou nas minhas costas, já cansadas de carregar o fardo de não poder chorar com o céu o dia dos mortos. De não poder misturar minhas lágrimas as lágrimas daqueles que choravam a nossa condição. De não lavar a minha alma com o dor dos que já passaram. Já são 3 anos desse maldito céu azul, no meu dia, no único dia que reinvindico meu.
Essa corda.
Talvez o desprezo de tudo comigo seja o espelho do meu desprezo para com tudo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Eu roera as cordas e o tempo desabou nas minhas costas, já cansadas de carregar o fardo de amar mulheres sanas, mais que perfeito do indicativo, eu caíra de joelhos ante seu desprezo quando me ignorou parada ao semáforo, seus olhos refletindo o vermelho do sinaleiro, fechados para mim, olhava os verdes de qualquer alguém que te ignore, esperando sua vez de ser traída. Uma mulher espera, antes de tudo, que seu homem a faça sofrer; um homem que não planta lágrimas no terreno fértil da esperança feminina não será amado. Você odeia a cor dos seus olhos e o faz com um silencioso furor de rainha louca que não pode escolher seu fanal, está condenada a esperar seu príncipe, que seria seu rei mas que não vai chegar e, se souber que está sendo amada em segredo, no silêncio do quarto escuro, ainda mais o seu desprezo eu vou experimentar. Eu amo o amor dos marinheiros que beijam e vão embora, prometem nunca mais voltar até que um dia encontram a morte sob o leito do mar. Amo o amor do poeta Neruda que me ensinou que amar é sofrer na vastidão do metro quadrado onde me deito sem você. Onde você nunca irá deitar. E eu não vou te falar. Quero só te amar, não vou deixar você, mulher, estragar isso que tenho aqui fervendo no peito, apenas pelos meus olhos não estarem verdes para você.
Odeio saber que ainda posso amar.
Odeio não ter espinhos contra isso.
Odeio ser uma merda inerme, que nem o luxo do fedor tem para se defender.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Lá em casa as torneiras secas. Jorraram poesias enquanto amei, vivia de pés às poças no quintal molhado, não sabia de estio algum. Mas a torneira aberta, vem a conta. A conta foi alta, não pude pagar, vejo hoje os cantos onde molhava os pés nas poças, tudo seco, o bolso vazio.
Talvez pudesse viver fingindo os pés molhados, só talvez.

domingo, 18 de outubro de 2009

As luzes amarelam a neblina densa vinda do alto do Morro da Cruz, caminho pela calçada molhada seguro de que ninguém está me reparando o passo, madrugada, sento à mureta para fumar. A polícia ronda sistematicamente pelo Tanque, ruas inclinadas onde há pouco foi engaiolado um par de ladrões de carros, amigos de muito testando as forças da lei, agora batem asas em celas pela cidade. O camburão irriquieto me incomoda, vai embora, foi. Será que volta? o coração salta à boca junto com o cigarro e quase se encontram sob o palato antes do primeiro trago. O clarão do farolete branco invade impetuosamente a neblina amarela e flagra verde a fumaça que me encanta e auréola as mãos sobre a cabeça.
Mãos, as minhas e outras.
Imagino alvas as mãos da Tenente Ketlen pelo meu corpo, traçando o caminho por onde corre a adrenalina do contato.
Por que não fuma em casa?

sábado, 17 de outubro de 2009

Zé Mario desistiu de escrever. Largou a caneta sobre o criado e o caderno sob o tapete, serviu-se de uma taça de Cog Nac e ligou a televisão.
Zé Mario ama o conhecimento e queria vê-lo ao alcance de todos, exceto aos intelectuais que são pragmáticos e afirmam ser ignorância a sabedoria popular, Zé Mario, quem são os intelectuais? anda entre o povo.
Anda entre o povo, assim largado, Zé Mario, só de cigarros e de nova caneta, rabisca orgulho de intelectual pequena-burguesa que confunde Zé Mario.
Foi por amor ao conhecimento.

domingo, 15 de março de 2009

Milano Sessions em São Paulo, quarto de pensão, a notícia e a forma como eu trato.

Ela entrou e fechou a porta querendo preservar o silêncio no quarto. Tirou os sapatos, colocou a bolsa sobre o criado mudo, sentou no sofá e acendeu um cigarro de maconha. No primeiro tapa, ouviu barulhos vindos do banheiro e notou que a porta estava fechada. Levantou devagar e assim seguiu até perto do mictório onde pousou uma das orelhas sobre a porta afim de auscultar o interior do recinto sem manifestar sua presença. Já a conheço, sinto-a presente, alugou nosso ninho de amor, o marido dela paga. Penso enquanto sentado ao vaso. Um sabonete branco e uma toalha rosa, a descarga acionada e a tampa abaixada, abri a porta e senti um cheiro forte no ar: era Maria que já devia ter chegado.

Ela sempre teve essa mania de não fazer barulho e esse é um dos grandes motivos pelo qual me reapaixono por ela todos os dias, sutileza, delicadeza e amor ao silêncio.

Há no ar além do odor. Ela sorri e eu me fascino, a vejo, ouço os passos no chão de tacos depois abafados pelo tapete, o vestido verde no mês de março. Ela me oferece o cigarro e vai para o estéreo, liga as potências, a mesa e o tocador. Ouvindo Baker. Ouvimos o trompete de Chet e a voz doce e certa dela anuncia sobre 'I Should Care' que aquele é o último cigarro do ano que fumamos juntos. Caem as alças e o vestido escorrega pela pele morena e macia, desliza deliciosamente pelo cálido corpo de mulher de Maria, até o encontro com um tapete azul, da cor do céu, da cor do mar. Unhas bem feitas sem tinta, tez hidratada aconchegante como veludo, seus braços roçam meu pescoço e as mãos pousam sobre meus ombros, caio de joelhos diante dela e me tem a cabeça sobre seu ventre. É o último canábico. Ela carrega dentro de si a vida do filho, ela diz que é do marido e eu acato. Diz que é a hora dos últimos prazeres: Vai parar de fumar.
É também a última vez que goza assim.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Eluana, Eutanásia

Adocei o chá e levantei a xícara pela asa. Ela acompanhava meus gestos e quando o mate preto alcançou minha boca, indagou.
"Você viu aquela mulher em coma na Itália... Que triste, querem mata-lá. Em nome de Deus, quem eles pensam que são?"
O mate desceu goela abaixo, a xícara repousou sobre a mesa; o palito incandesceu e baforei o primeiro trago antes de colocar.
"Se era vontade dela, nem Deus é contra, Ele deu e respeita o livre arbitrio. Se for errado, ela paga depois. (pfu)
Em tempos onde a tecnologia era pouca, nenhum religioso procurou a ciência afim de encontrar um modo onde o sofrimento fosse prolongado para pagar os pecados. Desprezam a ciência mas usam dela para tentar, a cada dia, fugir do encontro com Deus, prolongando a vida com drogas e evitando o próprio infortúnio.
Ela não está viva pela vontade de Deus, o Senhor a levou em 1992 naquele acidente de carro. Ela está vegetando pela vontade dos homens, que, em posse do seu corpo, alongam a existência daquela massa de carne sem alma, espírito, um lampejo sequer de vida animal.
Será que os religiosos são tão cegos e egoístas que só enxergam a fé deles e não são capazes de entender que aquele corpo inerte sobre a cama não tem mais Eluana lá dentro?"
Ela tossiu indicando que a fumaça a incomodava.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Bebaço

Um bebado
Escreve no papel
Rabisca à solidão


Infeliz...


Imagina
Do tamanho do céu
Sua sina, imensidão.


Por um triz...


Ela
Que trouxe o mel
Na esquina, aceno de mão.


Inexiste.