domingo, 8 de novembro de 2009

E enquanto correm, os dois gatos pretos sobre o muro, a árvore me apóia e minha boca o cigarro. Modos de macho e as modinhas de fêmea. Ela passa sugando num canudo goles de felicidade enrustida, clandestina, passa não, desfila, passa ou desfila? passa em exposição, sem ver o vigia catando a poesia que entorna no chão. Vejo Chapéuzinho Vermelho indo à casa da vovó e desejo. Ela, a cesta, a ventura escondida naquele olhar e a lua egrégia que ilumina a trilha por onde vem. Pra quem.
Range a porta e dela uiva o lobo cinza, soberano deste recanto, vem tomar o que é dele por direito.
Um dos gatos pula do muro enquanto o maior para e olha com seus olhos vivos e tristes de gato escaldado pela miséria, a escuridão da sombra onde a lua não obsequeia.

Um comentário:

M Rodrigues disse...

Como todos sabem, citações livres e livres inspirações em Xico Sá, Chico Buarque, Clarice Lispector e ninguém sabe quem escreveu Chapéuzinho.