sábado, 22 de setembro de 2012

O forno, ligado. Dentro dele, a cidade. Que evapora me cozinhando em prato oblongo, lentamente, através da tarde de testes em determinada confraria que venho a frequentar quando da calma cultural. Me atrai a equalizar, pela metrópole estrepitante, frequências audíveis pelos sensíveis tímpanos despreparados dos que visitam artistas desafinados pelos palcos por aí, por ali, ou não. Bigornas aguçadas, estribos afiados, aumenta aqui, "ei, psiu, abaixa ali": filhos da terra, e os que habitam nela, são naturalmente técnicos de futebol e de som. Penso na pequena e em como fiquei chato, ou sempre fui. Vou cozinhado pela tarde ardente de ruído-rosa, sem queimar e sem realimentar, vago às ondas quadradas a ao ataque nocivo do sol. Confabulos, esquemas, Salinas, carne-seca. Penso em Marx e em como o trabalho disciplina, acaricia com uma mão leve, sussura ao pé do ouvido que a exploração do homem pelo homem é tão natural quanto comer, do homem pela mulher... Acalanta, até desistir.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Os passeios da cidade são pouco convidativos a uma jornada cortês a lugar algum. A pressa carrega seus neofitos capitalistas em sua bolsa de crochê, retrô, a pressa é chique e toma os descalçados passeios irregulares da cidade com seu vulto vulgar metida à moderna. Caminhar é um desafio ao tropeço e à pressa. De Touro como nasci, tiro tudo da frente, gente, buraco, modernidade. Míope e astigmata só não enxergo pior por só ter dois olhos físicos, apesar de esbarros nunca queixei de tropeços. 
Ia por aí conversando com Deus, sem vista auxiliar, só no míope estéreo desbalanceado L-R do mirar, recompondo ao caminhar as idéias pelo assimétrico passeio público, havia lá uma casca onde tropecei, insisti, tropiquei. Não era de banana, destas que Quicos escorregam quando pisam, era de verdade, grande e densa impunha as leis da física sobre todas as outras tantas leis do universo. De verdade, como uma PM5D RH.
Repousava no passeio uma casca no caminho. Parei a admirá-la tal como a parte que protege, o lado de fora, por engano nos alimentos disperdiçada, cheia de vitaminas, onde ao avistar o objeto paramos o olhar. Da casca da uva vem os taninos do vinho? A da maçã da macieira da vó é vermelha viva, como sangue, que tingiu os caminhos sofridos, como a fé de Bergmann, que pisei antes de tropeçar na casca, dura. Pé torcido... É a casca que impede a pressa de dentro se desenvolver. A pressa é o manifesto dos desprotegidos.