quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Que presentes te daria?
Uma estrela vã do firmamento
Pra iluminar o vão do pensamento

Uma tevê na garantia
Árvores plantadas no cimento
E meu perfume na rosa-dos-ventos

Um novo ritmo da Bahia
Cartas de amor com frente e verso
E meu percurso nesse universo

Nas horas sem fim
Em que a dor não tem mais cabimento
É no teu prumo que eu me oriento

Catedrais de alvenaria
Senhas pra não mais perder a vez
Casa, comida e um milhão por mês...

Kléber Albuquerque



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

What do You Care?

Lá estava, sentada fumando seu cigarro de filtro corado, forte como sua personalidade, para ela tão nocivo quanto minhas verdades. Timidamente escapava um trago, recusando-se o alcatrão a invadir seus pulmões, intoxicar sua carne, enrugar a perfeição daquela pele milimetricamente bem cuidada. De longe eu a via, imaginava. A boca vermelha cor-de-sangue, entreaberta, seduzia minha boca a dizer lhe palavras sutis que pudessem expressar quão bela era a imagem na qual meu olhar fixava-se obsessivamente. As rubras madeixas rebelavam-se pelo rosto, dando ares de mulher acima das convenções contemporâneas da condução estética feminina. Antes que ela pudesse abrir os olhos, o silêncio interminável do segundo em que estávamos se desfez com o toque da trombeta. O azul dos seus olhos comungou com o azul do céu, e como um anjo ela desapareceu de onde estava, rumo ao infinito que a aguardava.