sábado, 21 de julho de 2012

O Mesmo Filme

Certo dia estava com sono em progresso. Sono de operário. Sonho interrompido pelo namorado de uma Pequena Notável em quem confiei e me disse ter trancado a porta e deixado a chave por debaixo, pra não dar motivo. E a voz do corno me tocou. O corno falava com gírias, o corno era como eu. O corno era eu, também. O corno chorou. E a Pequena demorou a atender o celular, a gente podia falar daquela lua de mel em Recife, sem casar, tal devaste à burocracia. Ela que planejou, comprou as passagens, eu oscilante num talvez. Meu ofício, minha alma. Eu sou um Operário da Indústria Cultural e o funcionário da loteca é corno. E corno sempre descobre. Depois chora. E penso se depois do mal entendido é o corno que vai com ela. O corno do namorado. Todo namorado é corno.


Lembrança de 2010, em aspas por ser citação (de eu mesmo). Cito se cita.

domingo, 15 de julho de 2012

O farol, luz a rodopiar mar adentro. Avisto o porto e apito: gigante imponente, desisto dos motores e espero pelo reboque, luz avistada, encostemos no porto. Sim, mas só quando as turbulentas águas do pacifico sul anuirem. Vejo o farol e desejo atracar, apenas neste instante, neste inquieto e duradouro instante, sou passageiro e assisto a movimentação de alma aflita, esperando que a força da luz no nevoeiro cerrado tenha força para continuar iluminando o caminho rumo ao meu porto seguro.