sábado, 30 de janeiro de 2010

Parece cocaína mas é só a tristeza que escorre pela guia e deixa sua marca odora pelo ar. Arrasta insetos e cadáveres de roedores, restos de fruta e lascas de compensado barato desgrudadas do todo ainda lar. A polícia passa, os assistencialistas passam, as ovelhas cortam caminho à igreja, até o IBGE esteve aqui. (e nunca mais voltou.) Universitários opinam, sabem de tudo. Sabem de porra nenhuma, pagam pela própria educação depois de terem estudado a vida toda na rede pública. Estudaram a vida inteira em escolas particulares e hoje dizem-se os capazes de estudar em universidades públicas, no curso de filosofia donde sai rezando missas sobre ética, sendo o seu próprio ingresso no ensino superior público falta de ética, ou ética torpe, ética lateral, valores morais por milênios levianos. Quem nunca sentiu saudade vira mestre na diáspora. Quem nunca sentiu o cheiro fala de saneamento básico. Quem nunca amou escreve poesia. E para isso, quem sente saudade, o cheiro e ama é o tolo. Corre verde por conta e risco enquanto a gravidade assim o permitir até que se encontre novamente sob o solo.
A esgoto que brota do asfalto, suas centenas de fotos e escritos encontram-se na contenção do meio-fio, descendo, para onde eu não sei.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A feminista reacionária ainda não entendeu como é estúpido ficar falando mal de homem. Não vivem sem, mas o pior é que elas se submetem. É o 8/80. Ou é dona de casa submissa ou pseudorevolucionária se sentindo igual aos homens por fazerem as mesmas merdas que eles fazem. Péra lá bucetinha: quer tirar o seu Jones pra ser a Sra. Jones? Fazenda dos Animais aqui não! Alienação da Mimosa é tão nociva quanto a ambição do Bola-de-Sebo!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Se é Física
OrtoFísica
MetaFísica
ParaFísica


Tambor é Poder.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SOL EM TOURO, ASCENDENTE EM SAGITÁRIO – PÉ NO CHÃO, CABEÇA NAS ALTURAS


Compartilho com minha leitora predileta, quiçá única, a razão da porra-toda.

Em seu mapa, Márcio, o signo de Touro se combina ao ascendente em Sagitário: dois signos muito diferentes, de elementos psiquicamente opostos, pois a Terra mergulha na realidade concreta do mundo material, enquanto que Sagitário aprecia as alturas estratosféricas. Esta contradição pode ser tanto enriquecedora quanto angustiante, e você pode mesmo correr o risco de muitas vezes se portar de forma incoerente e ambivalente, que deixa as pessoas fascinadas e, ao mesmo tempo, confusas. Sagitário, seu ascendente, se traduz por uma busca pelo sentido maior da vida, cujos interesses passeiam pelas questões mais amplas e cósmicas, enquanto que Touro (sua essência solar) é profundamente mergulhado no mundo da matéria. Um lado bonito para este tipo de combinação é que você pode ser o tipo de pessoa que aplica idéias criativas (Fogo) no cotidiano material (Terra), alguém capaz de dar cor ao cinza do dia-a-dia, mostrando o quanto de magia existe nas coisas mais ordinárias.

Tanto Touro quanto Sagitário são dois signos em geral bem humorados, de modo que esta combinação resulta numa atmosfera algo "bonachona", afetiva, amável, que aprecia uma boa piada e que sente um grande prazer em estar vivo, gostando de sorver a vida até a última gota que ela tiver a oferecer. As boas coisas da vida lhe atraem, e você tem uma sensualidade natural que não hesita em usar quando lhe convém, cuidado apenas para não abusar e ter problemas decorrentes dos excessos, sobretudo sexuais e/ou alimentares!

O grande problema da combinação Sagitário + Touro é que você pode flutuar de interesses muito rapidamente, e manifestar um conflito entre seu profundo desejo de liberdade, do estilo "não gosto de ninguém que me controle" e seu outro lado taurino, mais controlador e que deseja uma relação estável, ou trabalhos mais sólidos. Este tipo de conflito entre liberdade X solidez termina se resolvendo mais depois dos 30 anos, quando a pessoa está mais madura e compreende que todas as coisas têm um preço.

A Noite


Gira feito uma criança

Ri feito criança, gira

Nunca vai mudar




Girassóis da noite

Giram a sós na noite

Tentando esquecer a solidão


A noite nunca vai mudar.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Não, não vou ficar nessa. Não estava errado, não desta vez. Ela foi dar ouvido para o amigo lunático, para a amiga sapata que não pega ninguém e está doida por ela e só ela não percebeu. Foi dar ouvido para o amigo gay. Deu ouvido para todo o planeta menos para mim, que quero bem. Quer viver no buteco, com amigas que vão te arrastar para os delírios do pó? Que assim seja.
Já fui muito destrutivo, dessa vez não. Não estava errado, não desta vez. Não, não vou ficar nessa.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

6 letras.
6 letras.
6 letras.




Nomes.
Sentimento.
Tempo.






Amor é como catapora, dá na vida uma vez só.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Os maleducadinhos estão lá fora.
Eles estão lá fora. Os três pretinhos de camisas brancas em suas motoquetas inorgânicas, depois vão para o troca-troca e limpam tudo antes que eu possa pegá-los. Gritam, xingam, apedrejam tudo. As casas, os carros, os moradores. Da janela miro a orelha preta do gritador e meu cigarro cai aceso no chão. A orelha preta escapa ao meu brasão. Eu odeio mais que eles podem imaginar. Eles só tem 8, 9 anos de raiva, já acumulo 26. Fontela morreu aos 58, só, no sanatório, sem dinheiro. Sem amigos, sem emprego e sem dinheiro e triste porque essa é a face que nos foi revelada e a única que conhecemos. Mas os pretinhos tem uma espécie de radar e sentem quanto os odeio. Saem com seus infernos em silêncio e na minha cabeça a maquinaria volta a funcionar, o ancinho, raide aéreo. Então posso odiar o resto do mundo. Odiar o ódio que sinto. Roçar a navalha na carne e sentir dor, fuga do ódio. Eu preciso descansar, de tudo, em paz.
Estive longe por muito tempo.

sábado, 23 de janeiro de 2010

No meio do céu uma brecha azul sufoca ante o cinza soberano sobre minha cabeça. Está tudo bem, mas não me leve a mal. A água que escorre do morro encharcado impossibilita que nós, os transeuntes, andemos plenamente pela calçada lodeada, nos relegando à guia em certos momentos, enquanto os donos da pista aceleram rumo Esperança, sair pela Tiradentes é risco iminente de perder a vida. Pra que fingir, que tudo está tudo bem. Pé no meio-fio, pé no calço molhado. Meu tênis velho não protege tornozelos e artelhos da água que desce da encosta encharcada. Na minha vez, você não quis entender. Molha o chão esta melancolia que embebe meu corpo já do primeiro luar e finda na vontade de abraçá-la, estraçalhada pela realidade da compreensão na má amizade. É um poste de base exposta, outro obstáculo ao pedestre da periferia, sinto como queria andar pela rua gozando uns instantes da noite antes de morrer atropelado por um escriturário de carro popular, se antes pudesse gozar um instante de paz. Fingir pra quem, se tudo está tudo bem. Fevereiro vem de novo, temporada de questionar aberta, é bom estar em aula e é isso que importa. Não sei se importa, que importa eu me esconder de tudo atrás de um livro. Gozo a paz de estar só e poder ser triste. Essa é minha felicidade. Está tudo bem, se vai mal.
Está tudo bom, vendaval.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Dona Maria encerra a escadaria dissimétrica e dispõe sacolas pláticas à mesa, engole água gelada pelo filtro de barro enquanto uma gota rebelde escorre pelo queixo e rega os seios da mãe de 4 filhos, brota um sorriso negro. Ajeita maças entre bananas, guarda na geladeira ovos e mortadela, espaço curto no meio de latas de cerveja, arruma tudo antes do descanso no sofá, só falta a prestação do fim do mês e o sentador pago à suadeira será, definitivamente, dela. No açougue ouviu os relatos da noite anterior, acertos e desacertos, polícia, usuário e traficante, a santíssima trindade da favela e a lei do fiou, morreu. Sempre morrem os usuários que não pagam nas mãos dos traficantes que morrem quando não acertam com a polícia. E ela, Dona Maria, não usa, trafica, ainda menos policía. Deus do céu, o sinal dos tempos. Ergue a cabeça pela janela e estende-se a favela por tudo que ela olha. A televisão funciona, quanta tragédia. O Haiti, coitados. Negros em favela que morrem de fome se não roubarem, mas lá, no Haiti, não há o que roubar, é tudo uma grande favela e nossos ‘piriquitos’ protegem com a própria vida os bairros ricos (será que tem mais de um?) de toda a extensão pobre. É como aqui, polícia protege quem tem de quem não tem, questão de classe. A velha sentada sente saudade do abraço negro do filho que foi pra longe ganhar a vida, negro sem emprego fica sem sossego porque sente fome, a negra outrora deslumbrante jurava torpor a filho polícia, traficante, usuário. Cada um alheio em seu canto. O negro e seu canto. A mulher branca de sobrenome complicado diz que lá na América Central as crianças são órfãs e o povo precisa de ajuda, Dona Maria olha pela janela e suspira um, Coitados. Desgraça lá, fatalidade aqui. No morro grande e belo que despencou foi tragédia ambiental, a fúria da natureza, como lá no Haiti. No morro grande e feio que despencou a culpa foi do pobre, quem mandou construir lá? Mas isso é passado. Agora o mundo vê com Dona Maria que a tragédia no Haiti começou. Lá as pessoas estão morrendo, fome às crianças negras. Ao negro, raiz da liberdade.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tudo que repousa nas prateleiras da biblioteca é criação humana. A criação humana é uma criação menor. Prisão ou liberdade de pensamento, criação menor, o fruto do intelecto humano é apenas parte de tudo que há por todo espaço geofísico que se pode notar. Das profundezas dos mares e do planeta a mais longínqua estrela, criação maior. E há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia.¹ Filosofia, cria da existência. Se a raça humana for exterminada nenhum livro de nada servirá, existindo ainda as bibliotecas com suas máquinas de café e toneladas de papel que o Senhor Seu Tempo devorará pacientemente, até que se constitua outra espécie que domine e escravize antes do último raio de luz que iluminará este planeta abençoado, se. Os livros existirão mesmo que não viva quem os leia.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O grito seco, proparoxítono, às costas do concentrado leitor de Saramago. Um tiro à queima roupa na testa do sujeito. À queima roupa na testa, se testa tem lá roupa. Rotineiro pode dizer, quarta ou quinta vez em 2 anos. Não precisava de mais nada além daquele acento sobre o a. Má.
Quando é domingo e não chove os infantos da periferia caçam à rua Reta, aos berros, bolas que mal rolam, não se lê. O Evangelho Segundo Saramago, Caim, espetacular. Certa vez redigi o Evangelho Segundo Márcio, com acento no a, não era argila, era merda de um Deus entediado que, na ausência de ocupação prodigiosa, criou um ser à sua imagem e semelhança com as fezes da recém cagada que dera no mato perto da Lago do Cosmos, peidou e deu vida ao homem. Não satisfeito da merda que tinha feito Deus foi lá e criou a mulher, para o homem um alívio, para o planeta a eterna condenação, a merda se perpetuaria eternamente, com pleonasmo para que entendais o tamanho desta Bosta filha de Deus. Divino e santo ócio. E para que se leia na periferia de domingo é preciso música instrumental em uns bons decibéis, Banda Black Rio para Saramago, concentração máxima, entrega de corpo e alma, cotovelos baseados à mesa e coração e mente a degustar a fantasia humana e a porrada na nuca anuncia, Abaixa o som, após o alucinante salto do coração à boca sucedido pelo, Márcio, apocalipse para Saramago.
O grito seco, Proparoxítono! Os pássaros que anuviam meu intelecto descansavam e tudo estava claro, o céu era azul num domingo de periferia e crianças chutavam bola, o acento no a se fez valer, está lá na certidão, despertou uma revoada que me trouxe até aqui.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O pôr-do-sol do Kobayashi é o mais lindo da cidade. Os prédios decidem o contorno do baixo horizonte. Orientado por um homem da lei, fumar degraus abaixo fora das vistas do velho coronel, chego para o ocaso e o espetáculo de cores lustrosas incendiando minhas pupilas dilatadas, entre telhados entrecortados, pela residência do cidadão presidente, por um prédio torto, soberano oblíquo cria do desperdício. Em homenagem a minha infância escolho o pé de goiabeira e divido espaço com as hostis operárias lava-pés cujas trilhas de feromônio expostas por toda a praça barbarizam os pés desavisados.
É só sentar e anoitecer com o páramo. Recosto à arvore comungo com o todo enquanto só. O silêncio comunga com a paz enquanto reina. E deixa de reinar com o cego mascando chicles, escoltado por um cão e tateando com uma varinha de passeio torta, corta a nuvem de fumaça e sorri. Sorri mascando chicles o cego e o cão rafeiro sorri com o rabo frenético, cercados pelo vapor canibinóico, abana o rabo e respiram. O boa tarde das dezenove e trinta foi o motivo das vozes. E o cego de varinha foi de passeio e escolta, levando a comunhão que encontrou.
Acusaram-me de fácil. Por não lutar pelo conforto, por rir sozinho. A calma pousa nos meus ombros e escorre por todo corpo quando lembro que todos se acusam, tudo faz parte de um jogo obscuro do instinto animal que eu nunca compreendi, por isso não joguei. Quem deserta à guerra é desprezado pela pátria. Uma mão no volante outra no telefone, uma picape preta desembesta pela curva, na direção roleta russa conta com a sorte tão apenas, homem de fé, bola de neve. Nas mãos as diversas sementes me deram escolha e escolhi a que plantar, curioso dos frutos que iria colher. Bisbilhoto a ilusão de outras ramas, quem agora eu seria de gravata, o sapo redimido entrando na carruagem do ano, minha princesa solícita, apaixonada por tudo o que eu tenho, tanto faz. O que eu sou é o que eu escolhi ser. Por isso respiro fumaça no poente de tênis velho, roupa rasgada e cabelos brancos, faro cheiro das frutas e o perfume de mulher que muda o vento, agora oeste, deixa o rastro antecipado a cardar hesitação.
A bela borboleta arredia foi se exibir noutra neblina. Aqui só bateu asas, inclinada. Nada de pousar. Escapa incógnita, adoro borboletas, deixa voar. Delicada, rosa e preto como a moça que desce entre as árvores, vai deixar seu perfume em mim e sumir pelo negrume da já erma e ainda arborizada rua do bairro. Verei ela passar e sumir por aí. Vai passar. Procuro a ventura outrora encontrada no olhar particular das estudantes de história. No íntimo, lamento que não seja Chapeuzinho, já crescida, levando os doces para a vovó. Poderíamos permutar, adoro doce e acho que ela gosta de dar um, dois. Ela tem o açúcar, eu a pimenta. Nessa floresta, não sou lobo nem caçador, não me cabe. Não tem cabimento alguém nessa floresta só olhando, encantado por uma imagem bebendo pelo canudo. Eu querendo ela e outra mulher. Eu querendo e ela outra mulher. Eu olhando a foto dela. Ela me lendo. 0 a 0. Uma lava-pé escala minha perna, enquanto a desvio para uma folha, a dona sem rosto passa e o vento permanece, levando os aromas para longe, rumo ao sol só por um triz livre das trevas. Já não.
A fome avisa que devo caminhar, a lua indica para onde. Lanço a guimba próximo às formigas, se a levam o fungo será canábico e no formigueiro a orgia. De terno malajustado aparece um amarelão com pressa, arfante, enxuga a testa suada e guarda o lenço no bolso da camisa laranja submetida à gravata vermelha, remontam a transição do firmamento há pouco. Pneus gritam longe e o homem diminui o passo, me olha e faz careta concomitante ao som da pancada, como a de um saco que cai do topo e dilacera seu conteúdo. Torno e vejo o rosto da dona perfumada. As vestes negro-rosas talhadas pela rua e sobre o sedã prata abandonado atrapalhando o usuário do telefone publico que clama por ajuda ao fato trágico, há sangue nos enfeites emaranhados e no traço branco do gorro vermelho pendurado no portão de penduricalhos de uma casa viva. Prostrado metade inteira sobre a calçada, metade estraçalhada no meio fio, o corpo, morto? Jaz a cabeça junto ao seio como que se ouvisse o próprio coração parado.
- Pancada da porra! - e secou suor de novo.
Pelo reflexo da lente do óculos do amarelão de gravata eu via as luzes rubro verdes iluminando à proximidade do natal, e lembrei que uma sobremesa me espera em casa.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Alegre vem a chuva,
Em fúria, a tempestade.
As telhas tremem!
Os sapos coaxam
na grama que ri
das árvores que sacodem...
(gotas verd'as folhas)

Os homens fogem,
Fujam! Fujam!
Lá vem o monstro alimentado!
Guardem as chuvas, os guardas-chuva
Aguardem as chuvas,
Construam muros, diques, arcas!

Lá vem a chuva molhar as ruas,
Levar à lama, levar as gentes
Lá vem as chuvas e nunca
a Água há de acabar!


Jami e Cito Rodrigues

sábado, 9 de janeiro de 2010

"A lua, que é a própria imagem do capricho, olhou pela janela enquanto dormias em teu berço, e disse consigo, mesma: - "Esta criança me agrada."
E desceu maciamente a sua escada de nuvens, e deslizou sem ruído através das vidraças. E pousou sobre ti com um suave carinho de mãe, e depôs as suas cores em tuas faces. Então, tuas pupilas se tornaram verdes, e tuas faces extraordinariamente pálidas. Foi contemplando essa visitante que os teus olhos se dilataram de modo tão estranho; e ela com tão viva ternura te apertou a garganta que ficaste, para sempre, com o desejo de chorar.
Entretanto, na expansão da sua alegria, a lua invadia todo o quarto, como uma atmosfera fosfórica, como um peixe luminoso; e toda esta luz viva pensava e dizia:
- Tu sofrerás eternamente a influência do meu beijo.
Serás bela à minha maneira. Amarás o que eu amo e o que me ama: a água, as nuvens, o silêncio e a noite; o mar imenso e verde; a água informe e multiforme; o lugar onde não estiveres; o amante que não conheceres; as flores monstruosas; os perfumes que fazem delirar; os gatos que desmaiam sobre os pianos e gemem que nem as mulheres, com uma doce voz enrouquecida!"

Os Benefícios da Lua - Charles Baudelaire

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Embriagado com seu beijo
Me perdi pela cidade
Soneguei idade
Em nome do desejo

Um coração que me abrigue
Era a procura
O seu abraço, a cura
O seu nome?

Você que, como uma punhalada
Meu coração triste invadiu,
Você que, forte como manada
De demônios, louca surgiu

Faz em mim uma bagunça
Com esse olho de ilha deserta
Assim eu senti, nunca
Esperança de felicidade certa

Essa voz doce que conforta
Minha vida insana e torta
Profere grandes dizeres
Faz-me ter fé na calma
Acalanta minha alma
Desperta estranhos poderes.

Pequena
Não sei o que faço
Para ter seu abraço
Enquanto respirar.
Se errado fizer
Foi querendo acertar
Mais ainda te amar
Pra lhe ter como mulher.