sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O grito seco, proparoxítono, às costas do concentrado leitor de Saramago. Um tiro à queima roupa na testa do sujeito. À queima roupa na testa, se testa tem lá roupa. Rotineiro pode dizer, quarta ou quinta vez em 2 anos. Não precisava de mais nada além daquele acento sobre o a. Má.
Quando é domingo e não chove os infantos da periferia caçam à rua Reta, aos berros, bolas que mal rolam, não se lê. O Evangelho Segundo Saramago, Caim, espetacular. Certa vez redigi o Evangelho Segundo Márcio, com acento no a, não era argila, era merda de um Deus entediado que, na ausência de ocupação prodigiosa, criou um ser à sua imagem e semelhança com as fezes da recém cagada que dera no mato perto da Lago do Cosmos, peidou e deu vida ao homem. Não satisfeito da merda que tinha feito Deus foi lá e criou a mulher, para o homem um alívio, para o planeta a eterna condenação, a merda se perpetuaria eternamente, com pleonasmo para que entendais o tamanho desta Bosta filha de Deus. Divino e santo ócio. E para que se leia na periferia de domingo é preciso música instrumental em uns bons decibéis, Banda Black Rio para Saramago, concentração máxima, entrega de corpo e alma, cotovelos baseados à mesa e coração e mente a degustar a fantasia humana e a porrada na nuca anuncia, Abaixa o som, após o alucinante salto do coração à boca sucedido pelo, Márcio, apocalipse para Saramago.
O grito seco, Proparoxítono! Os pássaros que anuviam meu intelecto descansavam e tudo estava claro, o céu era azul num domingo de periferia e crianças chutavam bola, o acento no a se fez valer, está lá na certidão, despertou uma revoada que me trouxe até aqui.

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