domingo, 1 de novembro de 2009

Eu roera as cordas e o tempo desabou nas minhas costas, já cansadas de carregar o fardo de amar mulheres sanas, mais que perfeito do indicativo, eu caíra de joelhos ante seu desprezo quando me ignorou parada ao semáforo, seus olhos refletindo o vermelho do sinaleiro, fechados para mim, olhava os verdes de qualquer alguém que te ignore, esperando sua vez de ser traída. Uma mulher espera, antes de tudo, que seu homem a faça sofrer; um homem que não planta lágrimas no terreno fértil da esperança feminina não será amado. Você odeia a cor dos seus olhos e o faz com um silencioso furor de rainha louca que não pode escolher seu fanal, está condenada a esperar seu príncipe, que seria seu rei mas que não vai chegar e, se souber que está sendo amada em segredo, no silêncio do quarto escuro, ainda mais o seu desprezo eu vou experimentar. Eu amo o amor dos marinheiros que beijam e vão embora, prometem nunca mais voltar até que um dia encontram a morte sob o leito do mar. Amo o amor do poeta Neruda que me ensinou que amar é sofrer na vastidão do metro quadrado onde me deito sem você. Onde você nunca irá deitar. E eu não vou te falar. Quero só te amar, não vou deixar você, mulher, estragar isso que tenho aqui fervendo no peito, apenas pelos meus olhos não estarem verdes para você.
Odeio saber que ainda posso amar.
Odeio não ter espinhos contra isso.
Odeio ser uma merda inerme, que nem o luxo do fedor tem para se defender.

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