A esgoto que brota do asfalto, suas centenas de fotos e escritos encontram-se na contenção do meio-fio, descendo, para onde eu não sei.
sábado, 30 de janeiro de 2010
A esgoto que brota do asfalto, suas centenas de fotos e escritos encontram-se na contenção do meio-fio, descendo, para onde eu não sei.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
SOL EM TOURO, ASCENDENTE EM SAGITÁRIO – PÉ NO CHÃO, CABEÇA NAS ALTURAS
Em seu mapa, Márcio, o signo de Touro se combina ao ascendente em Sagitário: dois signos muito diferentes, de elementos psiquicamente opostos, pois a Terra mergulha na realidade concreta do mundo material, enquanto que Sagitário aprecia as alturas estratosféricas. Esta contradição pode ser tanto enriquecedora quanto angustiante, e você pode mesmo correr o risco de muitas vezes se portar de forma incoerente e ambivalente, que deixa as pessoas fascinadas e, ao mesmo tempo, confusas. Sagitário, seu ascendente, se traduz por uma busca pelo sentido maior da vida, cujos interesses passeiam pelas questões mais amplas e cósmicas, enquanto que Touro (sua essência solar) é profundamente mergulhado no mundo da matéria. Um lado bonito para este tipo de combinação é que você pode ser o tipo de pessoa que aplica idéias criativas (Fogo) no cotidiano material (Terra), alguém capaz de dar cor ao cinza do dia-a-dia, mostrando o quanto de magia existe nas coisas mais ordinárias.
Tanto Touro quanto Sagitário são dois signos em geral bem humorados, de modo que esta combinação resulta numa atmosfera algo "bonachona", afetiva, amável, que aprecia uma boa piada e que sente um grande prazer em estar vivo, gostando de sorver a vida até a última gota que ela tiver a oferecer. As boas coisas da vida lhe atraem, e você tem uma sensualidade natural que não hesita em usar quando lhe convém, cuidado apenas para não abusar e ter problemas decorrentes dos excessos, sobretudo sexuais e/ou alimentares!
O grande problema da combinação Sagitário + Touro é que você pode flutuar de interesses muito rapidamente, e manifestar um conflito entre seu profundo desejo de liberdade, do estilo "não gosto de ninguém que me controle" e seu outro lado taurino, mais controlador e que deseja uma relação estável, ou trabalhos mais sólidos. Este tipo de conflito entre liberdade X solidez termina se resolvendo mais depois dos 30 anos, quando a pessoa está mais madura e compreende que todas as coisas têm um preço.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Já fui muito destrutivo, dessa vez não. Não estava errado, não desta vez. Não, não vou ficar nessa.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
Eles estão lá fora. Os três pretinhos de camisas brancas em suas motoquetas inorgânicas, depois vão para o troca-troca e limpam tudo antes que eu possa pegá-los. Gritam, xingam, apedrejam tudo. As casas, os carros, os moradores. Da janela miro a orelha preta do gritador e meu cigarro cai aceso no chão. A orelha preta escapa ao meu brasão. Eu odeio mais que eles podem imaginar. Eles só tem 8, 9 anos de raiva, já acumulo 26. Fontela morreu aos 58, só, no sanatório, sem dinheiro. Sem amigos, sem emprego e sem dinheiro e triste porque essa é a face que nos foi revelada e a única que conhecemos. Mas os pretinhos tem uma espécie de radar e sentem quanto os odeio. Saem com seus infernos em silêncio e na minha cabeça a maquinaria volta a funcionar, o ancinho, raide aéreo. Então posso odiar o resto do mundo. Odiar o ódio que sinto. Roçar a navalha na carne e sentir dor, fuga do ódio. Eu preciso descansar, de tudo, em paz.
Estive longe por muito tempo.
sábado, 23 de janeiro de 2010
Está tudo bom, vendaval.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Quando é domingo e não chove os infantos da periferia caçam à rua Reta, aos berros, bolas que mal rolam, não se lê. O Evangelho Segundo Saramago, Caim, espetacular. Certa vez redigi o Evangelho Segundo Márcio, com acento no a, não era argila, era merda de um Deus entediado que, na ausência de ocupação prodigiosa, criou um ser à sua imagem e semelhança com as fezes da recém cagada que dera no mato perto da Lago do Cosmos, peidou e deu vida ao homem. Não satisfeito da merda que tinha feito Deus foi lá e criou a mulher, para o homem um alívio, para o planeta a eterna condenação, a merda se perpetuaria eternamente, com pleonasmo para que entendais o tamanho desta Bosta filha de Deus. Divino e santo ócio. E para que se leia na periferia de domingo é preciso música instrumental em uns bons decibéis, Banda Black Rio para Saramago, concentração máxima, entrega de corpo e alma, cotovelos baseados à mesa e coração e mente a degustar a fantasia humana e a porrada na nuca anuncia, Abaixa o som, após o alucinante salto do coração à boca sucedido pelo, Márcio, apocalipse para Saramago.
O grito seco, Proparoxítono! Os pássaros que anuviam meu intelecto descansavam e tudo estava claro, o céu era azul num domingo de periferia e crianças chutavam bola, o acento no a se fez valer, está lá na certidão, despertou uma revoada que me trouxe até aqui.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
É só sentar e anoitecer com o páramo. Recosto à arvore comungo com o todo enquanto só. O silêncio comunga com a paz enquanto reina. E deixa de reinar com o cego mascando chicles, escoltado por um cão e tateando com uma varinha de passeio torta, corta a nuvem de fumaça e sorri. Sorri mascando chicles o cego e o cão rafeiro sorri com o rabo frenético, cercados pelo vapor canibinóico, abana o rabo e respiram. O boa tarde das dezenove e trinta foi o motivo das vozes. E o cego de varinha foi de passeio e escolta, levando a comunhão que encontrou.
Acusaram-me de fácil. Por não lutar pelo conforto, por rir sozinho. A calma pousa nos meus ombros e escorre por todo corpo quando lembro que todos se acusam, tudo faz parte de um jogo obscuro do instinto animal que eu nunca compreendi, por isso não joguei. Quem deserta à guerra é desprezado pela pátria. Uma mão no volante outra no telefone, uma picape preta desembesta pela curva, na direção roleta russa conta com a sorte tão apenas, homem de fé, bola de neve. Nas mãos as diversas sementes me deram escolha e escolhi a que plantar, curioso dos frutos que iria colher. Bisbilhoto a ilusão de outras ramas, quem agora eu seria de gravata, o sapo redimido entrando na carruagem do ano, minha princesa solícita, apaixonada por tudo o que eu tenho, tanto faz. O que eu sou é o que eu escolhi ser. Por isso respiro fumaça no poente de tênis velho, roupa rasgada e cabelos brancos, faro cheiro das frutas e o perfume de mulher que muda o vento, agora oeste, deixa o rastro antecipado a cardar hesitação.
A bela borboleta arredia foi se exibir noutra neblina. Aqui só bateu asas, inclinada. Nada de pousar. Escapa incógnita, adoro borboletas, deixa voar. Delicada, rosa e preto como a moça que desce entre as árvores, vai deixar seu perfume em mim e sumir pelo negrume da já erma e ainda arborizada rua do bairro. Verei ela passar e sumir por aí. Vai passar. Procuro a ventura outrora encontrada no olhar particular das estudantes de história. No íntimo, lamento que não seja Chapeuzinho, já crescida, levando os doces para a vovó. Poderíamos permutar, adoro doce e acho que ela gosta de dar um, dois. Ela tem o açúcar, eu a pimenta. Nessa floresta, não sou lobo nem caçador, não me cabe. Não tem cabimento alguém nessa floresta só olhando, encantado por uma imagem bebendo pelo canudo. Eu querendo ela e outra mulher. Eu querendo e ela outra mulher. Eu olhando a foto dela. Ela me lendo. 0 a 0. Uma lava-pé escala minha perna, enquanto a desvio para uma folha, a dona sem rosto passa e o vento permanece, levando os aromas para longe, rumo ao sol só por um triz livre das trevas. Já não.
A fome avisa que devo caminhar, a lua indica para onde. Lanço a guimba próximo às formigas, se a levam o fungo será canábico e no formigueiro a orgia. De terno malajustado aparece um amarelão com pressa, arfante, enxuga a testa suada e guarda o lenço no bolso da camisa laranja submetida à gravata vermelha, remontam a transição do firmamento há pouco. Pneus gritam longe e o homem diminui o passo, me olha e faz careta concomitante ao som da pancada, como a de um saco que cai do topo e dilacera seu conteúdo. Torno e vejo o rosto da dona perfumada. As vestes negro-rosas talhadas pela rua e sobre o sedã prata abandonado atrapalhando o usuário do telefone publico que clama por ajuda ao fato trágico, há sangue nos enfeites emaranhados e no traço branco do gorro vermelho pendurado no portão de penduricalhos de uma casa viva. Prostrado metade inteira sobre a calçada, metade estraçalhada no meio fio, o corpo, morto? Jaz a cabeça junto ao seio como que se ouvisse o próprio coração parado.
- Pancada da porra! - e secou suor de novo.
Pelo reflexo da lente do óculos do amarelão de gravata eu via as luzes rubro verdes iluminando à proximidade do natal, e lembrei que uma sobremesa me espera em casa.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Em fúria, a tempestade.
As telhas tremem!
Os sapos coaxam
na grama que ri
das árvores que sacodem...
(gotas verd'as folhas)
Os homens fogem,
Fujam! Fujam!
Lá vem o monstro alimentado!
Guardem as chuvas, os guardas-chuva
Aguardem as chuvas,
Construam muros, diques, arcas!
Lá vem a chuva molhar as ruas,
Levar à lama, levar as gentes
Lá vem as chuvas e nunca
a Água há de acabar!
Jami e Cito Rodrigues
sábado, 9 de janeiro de 2010
E desceu maciamente a sua escada de nuvens, e deslizou sem ruído através das vidraças. E pousou sobre ti com um suave carinho de mãe, e depôs as suas cores em tuas faces. Então, tuas pupilas se tornaram verdes, e tuas faces extraordinariamente pálidas. Foi contemplando essa visitante que os teus olhos se dilataram de modo tão estranho; e ela com tão viva ternura te apertou a garganta que ficaste, para sempre, com o desejo de chorar.
Entretanto, na expansão da sua alegria, a lua invadia todo o quarto, como uma atmosfera fosfórica, como um peixe luminoso; e toda esta luz viva pensava e dizia:
- Tu sofrerás eternamente a influência do meu beijo.
Serás bela à minha maneira. Amarás o que eu amo e o que me ama: a água, as nuvens, o silêncio e a noite; o mar imenso e verde; a água informe e multiforme; o lugar onde não estiveres; o amante que não conheceres; as flores monstruosas; os perfumes que fazem delirar; os gatos que desmaiam sobre os pianos e gemem que nem as mulheres, com uma doce voz enrouquecida!"
Os Benefícios da Lua - Charles Baudelaire
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Me perdi pela cidade
Soneguei idade
Em nome do desejo
Um coração que me abrigue
Era a procura
O seu abraço, a cura
O seu nome?
Você que, como uma punhalada
Meu coração triste invadiu,
Você que, forte como manada
De demônios, louca surgiu
Faz em mim uma bagunça
Com esse olho de ilha deserta
Assim eu senti, nunca
Esperança de felicidade certa
Essa voz doce que conforta
Minha vida insana e torta
Profere grandes dizeres
Faz-me ter fé na calma
Acalanta minha alma
Desperta estranhos poderes.
Pequena
Não sei o que faço
Para ter seu abraço
Enquanto respirar.
Se errado fizer
Foi querendo acertar
Mais ainda te amar
Pra lhe ter como mulher.