segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Psicopata era o que era assim por dizer.  Passeava só à esgueira, trajava decencia tímida e nunca parecia chegar, como visagem materializava-se intenso em qualquer espaço onde pudesse positivar sua energia. De sobriedade garbosa, jamais retocara o mau ar herdado do pai, carregado durante a primeira metade da vida sem alguma desfaçatez que valha a máscara. Garantiu-se sempre com meio sorriso no canto da boca, dócil, estimado antes do pico da espora. Já andava pelos primeiros pelos brancos na face quando reconheceu em si a agência da negrura. As mãos à garganta, a causa dos males do fígado, a fumaça do tabaco sufocando o peito, 1.000.000 de dbSPL, agonia. A placenta, o parto. Uma síndrome de Fausto, Mefisto ao lado. O que para o menino Demian demorou uma infância para aquele homem levara uma vida. Ciente de seu estado de aversão e rancor que mal podia disfarçar, cada vez mais latente, decidiu-se. Às raposas, deitou.
Correu como o vento pela Comandante Elias Zarzur e, à moda da flecha, cravou-se no meio do asfalto da Rua Isabel Schimidt, sendo então atropelado por um micro-ônibus cuja motorista sentiu apenas a direção aos solavancos enquanto guiava sobre os sofrimentos do jovem doente que deixava sua vida pelo asfalto, aos 25 anos, após uma aula sobre o épico Gilgamesh na faculdade de história.

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