domingo, 19 de setembro de 2010

Perdão senhor, se estou aqui é porque pequei.
Pequei contra a inocência. Por minha falta inconsciente eu fui punido com a mão pesada da justiça divina cuja ira não pude suportar e sucumbi multifraturado sob dezenas de seus servos. Ante os olhos da multidão meu corpo desarticulado permaneceu, assim como um tapa rubra e formiga a face, sua mão sobre mim deixou o registro de toda dor que por anos eu recusei sem negociação. Qual era sua intenção? Tornar-me inútil para minha vida ou minha vida inútil para o seu mundo? Ainda ouso perguntar, sabido estou da resposta. Eu nasci a 19 de Abril. Eu sou a véspera.
A roda viva me hostilizava, semimorto, suicida. Às dezenas, como previsto por Trevisan, fumavam, riam e discordavam se era eu um suicida ou desatento. Fui difamado, caluniado, humilhado, multifraturado. Pelo que estava pagando? O preço é alto. Saiba Deus, não me tirou um ano de vida, me deu todos os outros para viver sem toda aquela merda que eu vinha carregado desde que levou meu Pai daqui. Toda aquela gente estúpida e sem graça que vinha junto com a merda carregada com honra em meus braços. Toda aquela gente inerte que acha. Toda a sorte de imbecis.
Se estou assim é porque pequei. Contra a minha inocência, contra a graça e o amor de viver em paz. O preço é a sua ira. 5 meses atrás, exatamente, 10 toneladas de aço e gente e vivo para contar que eu não sei quem era em meu corpo por todos esses anos.
Adeus, mundo cruel.

Que haja vida.

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