São 3 da manhã e o som foi alto a noite inteira. 115 dB, 30 metros, diz-se insuportavel de pressões como essa, retorica. Politica, polícia, 3 da manhã e a rodovia está fechada, iluminada em cores imperiais. Os carros parados, a vida civica deteriora tanto quanto a coisa publica, não abro mão da minha Stella depois de uma noite sobria do mais alto lixo-duro, respeito as leis mas martelo, estribo e a minha bigorna não são de aço forjado à mão, relaxam. Ele sabe disso, me faroleta a miopia e me deixa guiar Anchieta abaixo. Km 23? nem, Anchieta lá embaixo, caminho para o mar, o porto. O apito do navio é um urro desesperado, harmonicos fundamentais da onda, 20 hertz, ressoa entre pilhas de conteiners, nas portas do veículo, na dimensão do meu peito. Vira a página do livro onde ficou escrito que perdi, que só perdi o que gostava e quase nada consegui do que queria.
Continua ressonando atrás, ouço, escuto e temo. A nova pagina, branca. Reverberam sentimentos às pessoas com as quais não espero cruzar, ecoam ruídos dos atos grosseiros que encabecei. Más vibrações perdem força rebatendo entre metais ou invadindo mar adentro a noite de Yemanja, raiva a perder sua razão de existir. Haverá um farol no porto distante, como o que para onde parte aquele cargueiro rubro e negro que deixa o porto sujo onde esteve atracado antes de seguir seu caminho, cone-sul, boca do inferno. Depois da tempestade sempre vem a calmaria, cuja grafia conota claridade. Limpeza, dignidade. Urra o cargueiro além-mar, na imensidão do negrume atlântico, seguindo só, rumo a um destino desconhecido, claro, amplo, elegante. Bright Size Life.
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