No meio do céu uma brecha azul sufoca ante o cinza soberano sobre minha cabeça. Está tudo bem, mas não me leve a mal. A água que escorre do morro encharcado impossibilita que nós, os transeuntes, andemos plenamente pela calçada lodeada, nos relegando à guia em certos momentos, enquanto os donos da pista aceleram rumo Esperança, sair pela Tiradentes é risco iminente de perder a vida. Pra que fingir, que tudo está tudo bem. Pé no meio-fio, pé no calço molhado. Meu tênis velho não protege tornozelos e artelhos da água que desce da encosta encharcada. Na minha vez, você não quis entender. Molha o chão esta melancolia que embebe meu corpo já do primeiro luar e finda na vontade de abraçá-la, estraçalhada pela realidade da compreensão na má amizade. É um poste de base exposta, outro obstáculo ao pedestre da periferia, sinto como queria andar pela rua gozando uns instantes da noite antes de morrer atropelado por um escriturário de carro popular, se antes pudesse gozar um instante de paz. Fingir pra quem, se tudo está tudo bem. Fevereiro vem de novo, temporada de questionar aberta, é bom estar em aula e é isso que importa. Não sei se importa, que importa eu me esconder de tudo atrás de um livro. Gozo a paz de estar só e poder ser triste. Essa é minha felicidade. Está tudo bem, se vai mal.
Está tudo bom, vendaval.
Está tudo bom, vendaval.
Um comentário:
Ed Motta, Vendaval.
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