Certo dia estava com sono em progresso. Sono de operário. Sonho interrompido pelo namorado de uma Pequena Notável em quem confiei e me disse ter trancado a porta e deixado a chave por debaixo, pra não dar motivo. E a voz do corno me tocou. O corno falava com gírias, o corno era como eu. O corno era eu, também. O corno chorou. E a Pequena demorou a atender o celular, a gente podia falar daquela lua de mel em Recife, sem casar, tal devaste à burocracia. Ela que planejou, comprou as passagens, eu oscilante num talvez. Meu ofício, minha alma. Eu sou um Operário da Indústria Cultural e o funcionário da loteca é corno. E corno sempre descobre. Depois chora. E penso se depois do mal entendido é o corno que vai com ela. O corno do namorado. Todo namorado é corno.
sábado, 21 de julho de 2012
O Mesmo Filme
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