Lá estava, sentada fumando seu cigarro de filtro corado, forte como sua personalidade, para ela tão nocivo quanto minhas verdades. Timidamente escapava um trago, recusando-se o alcatrão a invadir seus pulmões, intoxicar sua carne, enrugar a perfeição daquela pele milimetricamente bem cuidada. De longe eu a via, imaginava. A boca vermelha cor-de-sangue, entreaberta, seduzia minha boca a dizer lhe palavras sutis que pudessem expressar quão bela era a imagem na qual meu olhar fixava-se obsessivamente. As rubras madeixas rebelavam-se pelo rosto, dando ares de mulher acima das convenções contemporâneas da condução estética feminina. Antes que ela pudesse abrir os olhos, o silêncio interminável do segundo em que estávamos se desfez com o toque da trombeta. O azul dos seus olhos comungou com o azul do céu, e como um anjo ela desapareceu de onde estava, rumo ao infinito que a aguardava.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
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Um comentário:
Quem derá essa pudesse ser eu... mais acho que não posso ser um anjo...quam sabe uma sereia ou uma bruxa...algo mais pagão, mais nunca um anjo!
Bjussssssss
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